terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Histórias para bebés

Fomos hoje pela primeira vez ao centro de saúde. Estava sentado na sala de espera à espera da consulta, quando uma criança perguntou à mãe: mãe porque é que o mar é salgado? Resposta da mãe: o mar é salgado porque muitos meninos a chorar encheram o mar de lágrimas.
Como é óbvio, a pergunta seguinte não se fez esperar: e porque é que os meninos estavam a chorar mãe?
Depois daquela bonita imagem de muitos meninos a chorar para encher o mar, a mãe ficou sem saber o que responder. Qual cavaleiro inglês do tempo do Rei Artur, eu cheguei-me próximo e decidi ajudar, não deixando no entanto de seguir a magnifica lógica da progenitora.
- Os meninos choraram porque foram castigados por Deus, por não comerem a sopa. E por falar em sopa, sabes como é feita a polpa de tomate?
- Não!
- Quando os meninos se portam muito mal são cortados aos bocadinhos e depois triturados. É assim que se faz aquele molho vermelho que fica tão bom em pratos italianos.
- E os rios?
- Os rios são meninos que se portam mal e que são mandados para o cimo de montanhas muito altas, e ficam lá para sempre a fazer chichi para encher o rio.
- E os bebés, de onde é que vem o os bebés?
- Os bebés vem de um buraco muito negro e muito fundo, e quando fazem muitas perguntas voltam para lá outra vez.
Fiquei feliz porque sei que aquela criança levou muito coisa para pensar em casa com mais calma.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Noé, o pai

Noé morreu com 950 anos. Quando tinha 500 anos gerou Sem Cam e Jafé. Viveu 950 anos e teve 3 filhos, e ainda assim conseguiu repovoar a terra depois do diluvio.
Se eu tiver apenas um filho e viver até aos 80 já faço bem mais do que a minha obrigação!

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

A primeira ecografia

Hoje fomos à primeira ecografia. Assim que a Joana se deitou na marquesa, pensei na utilidade que poderia dar aquele instrumento estranho lá em casa, enfim.
A médica começou o exame, e algumas imagens começaram a aparecer no ecran a preto e branco. Manchas, pretas e manchas brancas. A certa altura a médica parou a imagem e disse que já se conseguia ver o feto completamente formado: a cabeça, o tronco, os membros. Eu não via rigorosamente nada, mas ainda assim estava profundamente emocionado com tudo aquilo. A última vez que eu tinha chorado a ver manchas num ecrã foi quando parti o LCD da sala com o comando da consola.
Pouco depois, numa imagem já aumentada, consegui ver o coração da criança a bater. Fiquei muito feliz, finalmente alguém com coração na família. Quem não vai achar piada nenhuma a isso vai ser a minha mãe que sempre disse que animais sem coração não eram capazes de procriar mamíferos.
Depois da ecografia, e de nos dizer que está tudo bem com o feto, a médica começou a desenrolar a lista de possíveis sintomas normais nos primeiros 3 meses de gravidez: enjoos, vómitos, dores no corpo, corrimento vaginal, alterações súbitas de humor (eu pensava que era standard este), irritabilidade (outro), dores de cabeça, dores abdominais, cansaço, sono… Eu ainda não senti quase nenhum dos sintomas mas a Joana já se queixa de alguns. Não fosse eu ter que aturar os sintomas dela e até estava com sorte!

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

O teste

Hoje a Joana acordou-me com um pedaço de plástico na mão. Eu tenho um despertar doce e jovial, algures entre um urso pardo com raiva e um guaxinim empresário em dia de pagamentos, e por isso quando ela me abanou para dar a novidade esperneei com pernas e braços e acabei por fazer voar o teste de gravidez para o chão. Não foi o melhor começo mas, tendo em conta a circunstância, podia ter sido pior. Refeita do susto, foi com um grande entusiasmo que ela lá conseguiu mostrar-me as duas tiras que indicam o resultado positivo. Não sei se fico espantado ou enojado por tudo aquilo que se pode saber com algumas gotas de chichi, provavelmente fico os dois, mas de hoje em diante vou ter mais cuidado e descarregar sempre a água depois de usar os urinóis públicos. Contém demasiada informação.
Levantei-me da cama num ápice e fui buscar a máquina fotográfica para fazer algumas fotografias da barriga. Vou documentar esta gravidez todos os dias para poder ver a barriga crescer, mas esta primeira fotografia serve, essencialmente, para poder mostrar ao nosso filho como a mãe já não era magra mesmo antes de o ter, pois acredito que essa discussão acabará por surgir, mais tarde ou mais cedo. A Joana diz que eu sou um imbecil, mas eu sei que na realidade ela quer dizer que me ama.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

A decisão

Hoje decidi começar a escrever um diário sobre ser pai. Logo de seguida decidi que a Joana tinha de engravidar, até para dar alguma consistência à minha primeira ideia. A conversa entre nós durou bem mais de duas horas, mas acho que no fim ela estava convencida quanto à importância do meu diário, e por isso compreendeu a necessidade de termos um filho. Ficou muito feliz por eu não ter decidido escrever um diário sobre a adopção um elefante. Sinto que são estas pequenas coisas que a fazem sentir-se feliz e que dão sentido e sintonia à nossa relação.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Um par de galochas para Noé

Depois da inundação, a missão de Noé era repovoar a terra. Não estivesse constipado e tudo teria sido mais fácil